Quem enviou este estudo de caso hoje foi Carol Rivello,
uma excelente designer de Florianópolis. Ela mostra todos o processo
realizado na criação da capa de um livro, desde o briefing até as fotos
do produto final. Incrível o resultado, diga-se de passagem!
Segue abaixo como Carol conta este processo:
No ano passado recebi uma proposta muito legal de um ex-colega de
faculdade: fazer a capa do livro que a mãe dele estava escrevendo. Para
deixar o projeto mais interessante ainda, o livro era sobre mulheres e
suas aflições de ordem cotidiana, emocional e principalmente espiritual.
Os textos da escritora eram muito inspiradores, nem preciso dizer que
adorei fazer esta ilustração.
The briefing
“Mulheres – suas aflições de ordem cotidiana, emocional e
principalmente espiritual. São contos e relatos reais e ficcionais de
mulheres “nascidas” no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha,
peregrinas do caminho e da vida. Como tema secundário há o caminho como
um espelho onde elas fazem um encontro consigo mesmas. Sem restrição de
cores, com preferência a cores sóbrias e/ou elegantes. Gosto também de
elementos estilizados e abstratos, da imagem de uma espiral
representando o caminho interior – setas também podem indicar caminhos. A
ilustração deve refletir a personalidade enigmática da escritora,
sempre se questionando, na busca frenética por uma identidade própria.”
(Resumo do texto enviado pela própria autora)
The epigraph
Na epígrafe do livro, fornecido junto com o briefing, já encontrei elementos interessantes que poderiam ser utilizados na capa:
Gotas do barro fundo / Garatujas / Asas de sombra e lume
E pelo caminho planto palavras / Caracóis do meu pensamento
E em cada viagem / Chego mais perto das estrelas
The brainstorm
Antes de iniciar uma marca, uma ilustração, um anúncio, gosto de
elencar alguns conceitos e palavras que se encaixam com o projeto. Isso é
bom parar auxiliar na criatividade, mas também ajuda a manter o foco e a
coerência com o briefing. Eu já havia feito algo parecido na criação do
blog da minha irmã.
The visual alphabet
Comentei uma vez no meu twitter sobre uma técnica de criação que uma
amiga havia me ensinado. No estúdio que ela trabalhava eles chamam este
método de criação de alfabeto visual, que é associar vários conceitos à
marca, campanha ou ilustração a ser desenvolvida, e então depois
traduzir estes conceitos em signos, e elaborar uma espécie de alfabeto
visual para todo o projeto. O legal desta técnica, é que a ilustração
criada não tem função somente de embelezar o produto, mas tem todo um
significado por trás. E além disso, ao criar este alfabeto você faz uma
composição mais elegante e personalizada.
The inspiration
Ao invés de ir procurar na internet por inspiração para este projeto,
preferi largar o computador e ir na minha coleção de livros. Eu folheei
o livro “O poder dos limites“, que fala sobre harmonia e proporção na
natureza e me abasteci de ideias e conceitos legais para aplicar na
ilustração.
The roughs
Antes de iniciar o rascunho final, eu fiz alguns estudos livres, sem compromisso:
The final sketch
Procurei fazer uma arte bem feminina e orgânica, para remeter às
mulheres e à natureza. A busca espiritual e por uma identidade própria
são representados pelos espirais e pelas mandalas concêntricas. Esses
círculos concêntricos também foram feitos pensando nas garatujas, que
são citadas na epígrafe. Lá ela também fala de estrelas e luz e sombra,
que procurei retratar de forma mais abstrata. (círculos brancos e
pretos) Por fim, os arabescos representam os caminhos e histórias, e os
caracóis do pensamento. As texturas que usei nas formas não são
aleatórias: os triângulos simbolizam a parte mais primitiva e inicial do
caminho. Os caracóis representam a etapa de reflexão do caminho. E a
flor de lótus, no centro da mandala, representa a paz, harmonia e o
encontro consigo mesma. Mas chega de explicar muito, porque o
interessante também é cada um olhar e interpretar do seu jeito.
The vector and colors
Antes de colorir, desenvolvi algumas paletas para aprovar com a
escritora. Sendo uma ilustração complexa, vale a pena conversar e
aprovar as cores antes de pintar, pois alterar posteriormente pode dar
um trabalhão!
The plain vector
Ilustração já vetorizada e pintada, já com gradientes, mas sem os brushes e texturas.
The final art
Ilustração finalizada, já com brushes (e alteração do cliente, que pediu para eu colocar um perfil na mandala principal.)
The book
Yay! O livro pronto. Eu sou muito empolgada, sempre me emociono com o
produto final, em mãos. O projeto gráfico da capa e de todo o livro é
do meu colega Cyrus Becker.
Leia o post na íntegra também no blog da Carol Rivello
.
